Escutam-se ao longe,
cantigas de galos,
abrindo a porteira
pro dia chegar.
Eu cevo meu mate,
repetindo um rito,
mateio, solito,
e me ponho a rezar.
Em nome do Pai,
do Filho bendito,
e do Santo Espírito,
meu Pai, meu Patrão.
Recebe este chasque
de Ação de Graças,
que vai na fumaça
do fogo de chão.
Vislumbrando as luzes
de uma nova aurora,
teu rebanho humilde,
ajoelha e ora,
pra te convidar.
Vem matear conosco,
que a Tua presença,
renova a esperança,
fortalece a crença,
pra continuar.
"Gracias te dou pela vida,
pela querência que eu amo,
o poema que eu declamo,
o fandango onde danço:
pelo meu cachorro manso,
o pingo da minha encilha,
o aconchego da família,
e o pelego em que descanso.
Gracias pelo bom Pastor
que mandaste a dois mil anos,
ao rebanho dos humanos,
pra salvar da perdição;
cuja vida é uma lição
que ainda hoje se estuda.
Muda o mundo. Ele não muda:
É vida, é paz, é perdão...
Pela igreja, campo imenso,
que Cristo alambrou com zelo
onde o leigo é o sinuelo,
guiando o rebanho inteiro,
o Padre é o peão tropeiro
que reponta, aparta e marca;
o Bispo conta na tarca,
como posteiro eficiente,
depois entrega contente,
ao Papa que é o capataz,
e este, conduz em paz,
a ti, meu Patrão Monarca...
E olhando pra dentro
do mate da espera,
veio a nova era
que se prenuncia.
vejo no horizonte,
envoltos em luz,
o Pastor Jesus
e a Virgem Maria.
Bem vindo, meu Cristo!
Te abanca, mateia!
Reparte esta ceia
a peonada, Senhor.
Um dia nos deste
Teu corpo e Teu sangue.
Agora queremos
te dar nosso amor.